terça-feira, 17 de maio de 2011

Com certeza uma nova história!

12:45 h 18 de fevereiro – Brasília - DF

A Avenida das nações estava tranqüila e o trânsito naquela tarde de segunda feira parecia fluir calmo e sem turbulências. A Estrada Parque Dom Bosco também parecia calma naquele horário. Muitos carros seguiam pela orla do lago Paranoá como um cortejo em direção ao horizonte. Em Brasília o horizonte era sempre distante e plano. A cidade era uma amplidão fantasiosa. Lilibeth sentia como se fosse Alice no país das maravilhas. Todos os eventos sociais eram glamorosos e tinham um sentido político que emocionava e encantava. A sensação de poder emanava das pessoas do seu círculo social. O encontro programado para sua casa a beira do lago deveria estar à altura do momento e das personalidades envolvidas. Suas ligações e os interesses comerciais envolvidos justificavam os altos gastos com a contratação dos melhores profissionais da gastronomia brasileira. A idéia de servir também durante o jantar da vitória pratos típicos da cozinha chinesa fina agradaria ao embaixador e daria um toque exótico, diferente dos jantares programados por toda a capital federal para o futuro presidente. Lilibeth precisava confirmar com seu agente no Rio de Janeiro se já havia recebido a resposta da especialista em cozinha chinesa que havia sido convidada para preparar o jantar.
            Em outro ponto da cidade Marcus se acomodava com certa inibição nas cadeiras clássicas do restaurante. Havia chegado cedo e parecia que os conchavos e deliberações partidárias já haviam começado. Pôde ouvir de um tradicional político a frase "Na mesa de um restaurante, as conversas se equilibram e se chega à clareza dos fatos". A seqüência de fatos marcantes da recente história política do Brasil que tiveram como parte do cenário as mesas do Piantella imprimiu ao restaurante um prestígio inabalável. A "extensão do Congresso Nacional" como já foi chamado, transformou-se em um ícone de Brasília. Marcus sabia que o almoço era a sua oportunidade de estar bem perto do poder e das decisões nacionais. Tinha uma visão abrangente do momento e sabia que a sua percepção indicava uma grande possibilidade. Queria saber sobre o processo depois da posse que ocorreria em um mês. Tinha que ficar perto pois o assunto da roda que se formara ao redor do candidato indicaria a estratégia da oposição quando assumisse o comando da nação. Ficou sabendo sobre o processo de pagamento da dívida externa, como seriam passadas as informações para os correspondentes estrangeiros. A possibilidade de rever a concessão de lavras e a nova política de exportação de minerais estratégicos como o Nióbio. Os impostos para comercialização de remédios que utilizassem produtos da flora brasileira e eram exportados. A reserva de mercado para a biotecnologia nacional. Os investimentos em centros de pesquisa nacionais e a política de valorização dos centros universitários. A intenção de investir pesado na educação básica.
Marcus estava sem fôlego com o que ouvia. Os assessores olhavam constantemente para o candidato e para Marcus que ouvia e consentia afirmativamente com a cabeça. O candidato tinha ao lado um jovem político, seu neto, que também ouvia atentamente com um brilho nos olhos os discursos pausados e firmes do avô. A impressão que o jornalista tinha era que a censura seria imediata, permitindo ou não a publicação do que estava sendo dito no Piantella. Era o único jornalista presente, o quê havia sido acordado na noite anterior. Então deveria esperar a orientação para escrever mais uma matéria sobre a posse e os passos do candidato eleito.

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