terça-feira, 19 de abril de 2011

Jornalismo viceral.

04:25 h 18 de fevereiro - Brasília- DF
Acabava a reunião do partido e era hora de definir  aonde dormiria. Não havia levado as chaves do apartamento na Asa Norte e não sabia se deveria incomodar o colega da redação que ofereceu pousada. Chegou na sexta feira e tinha trabalhado todos os dias até de madrugada reunindo informações sobre a posse do novo Presidente da Republica escolhido pelo colégio eleitoral. Nunca tinha presenciado no pais um movimento tão coeso e espontâneo como este desde a conquista do tricampeonato mundial de futebol no México em 1970. A população estava eufórica com o fim do militarismo no poder e os discursos inflamados do candidato eleito acendiam ainda mais as esperanças de um país mais justo e próspero. Na sua opinião o que este candidato falava sobre soberania nacional e preservação dos recursos internos poderiam despertar a ira dos países que vinham se beneficiando com o nosso sistema de governo. As coligações que haviam sido feitas com membros de partidos ligados ao PDS, que era notoriamente de direita, na composição de uma chapa forte o suficiente para ser escolhida pelo colégio eram meio estranhas. Como vender a alma ao diabo, nas palavras de alguns jornalistas da redação do Rio.
Mas isto tudo era apenas uma suposição e como jornalista era melhor buscar os fatos e os furos de reportagem que poderiam render muitos pontos junto ao chefe de redação e venda record de jornais e matérias jornalísticas.
            Tinha acompanhado com exclusividade toda a movimentação para aprovação da emenda Dante de Oliveira. Inclusive com informações secretas obtidas junto a um informante sobre o apagão promovido pela estatal de eletricidade com intenção de prejudicar a divulgação das notícias sobre os movimentos populares no dia da votação. Aquela matéria teve uma ótima repercussão e graças a ela havia sido destacado pelo chefe de redação para acompanhar em Brasília os movimentos políticos pelas diretas já. Não era nenhum Alexandre (Garcia) mas tinhas suas fontes dentro do congresso e se fosse necessário faria frente aos veículos de comunicação mais poderosos e influentes que não poupavam nem dinheiro nem esforços para obter as melhores matérias.

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